A idéia principal partiu da pesquisadora Liege, que durante alguns anos desenvolveu pesquisas em Intervales. No tempo que permaneceu em Intervales manteve um forte contato com as comunidades da região e percebeu que apesar de muito rica, a região oferecia poucas ou nenhuma oportunidade de emprego e qualificação profissional e também preparação para a cidadania. Esta falta de oportunidades e pode-se dizer esperança de um futuro melhor, tem levado os jovens de nossas cidades a um contato prematuro e desastroso com álcool e drogas. Também percebeu que muitas pessoas das cidades da região estão se mudando para outras cidades em busca de oportunidade de trabalho e qualificação profissional. E ai aparece um dos principais problemas da nossa região, estamos exportando o intelecto ou conhecimento, ou seja, com a capacitação estes mesmos jovens se tornam capazes de mudar a realidade da nossa região para melhor. Mas se eles vão embora e não voltam à região não cresce. O jovem é, portanto ferramenta crucial e importante para o desenvolvimento regional.
Assim, Liege buscou na comunidade de Guapiara pessoas para criarem a Mono Carvoeiro, uma Ong, cuja proposta inicial é o trabalho com os jovens. Seu marido, Antonio, que já foi presidente do Grupo Eternit, foi contagiado pela proposta da Ong recém formada e passa então a assessorar o grupo com sua larga experiência em planejamento. Assim aproveitando-se de uma ampla rede de contatos que ambos já possuíam, conseguiram apoio de pessoas do Ministério de Minas e Energia, Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, Dnpm, Prefeituras Locais, CPRM, Sindicatos dos trabalhadores em Mineração e Sindicato das Mineradoras, Deprn, Cetesb, Mineradoras como Minercal, Cimento Ribeirão, Prata Cal, e ainda Petar, Intervales e Carlos Botelho.
Dos encontros com os grupos acima mencionados percebeu-se que o desenvolvimento da região estava intimamente ligado ao setor de Mineração e Turismo, e que a harmonia entre estes setores fará com que a região atinja o desenvolvimento esperado. Surgiu então a proposta da criação do Pólo Turístico Mono Carvoeiro. Este pólo turístico envolve três unidades de conservação (Carlos Botelho, Intervales e Petar) e cinco municípios do entorno (Apiaí, Guapiara, Capão Bonito, Ribeirão Grande e São Miguel Arcanjo). A proposta do pólo é não só alavancar o turismo, mas fortalecer e implantar em definitivo o turismo como fonte real de renda e progresso regional. Mas não se pode falar em turismo sem envolver o setor mineral da região. A mineração há muitos anos tem suas raízes na região, e foi e ainda é geradora de renda. Também não se pode esquecer a agricultura, e aqui estamos falando também no pequeno agricultor e no agricultor familiar. Estes últimos responsáveis por uma significativa parcela do abastecimento das cidades, e, portanto merece também destaque no desenvolvimento regional.
Assim, tendo então definido os principais setores da região, surgiu a dúvida de como integra-los. Surgiu então a proposta aceita por todos. Construir a Agenda 21 Mineral. Para a construção da Agenda, foram criados quatro pilares (Turismo, Mineração, Unidades de Conservação e Agricultura). Foram eleitos coordenadores para cada pilar. A missão de cada coordenador e do seu grupo é fazer um diagnóstico completo do segmento (pontos fortes, pontos fracos, oportunidades, ameaças, etc.) Depois que cada pilar fizer seu diagnóstico, estes serão então trabalhados por todos os grupos, cruzando informações e buscando soluções.
Desta forma espera-se finalizar a construção da agenda 21 até o fim de 2008, e ai partir para as ações. A agenda 21 será assinada pelas Prefeituras Locais, Mineradoras, Unidades de Conservação, etc.
Os trabalhos de implantação da Agenda 21 Mineral e do Pólo Turístico Mono Carvoeiro ficou sob a responsabilidade da Ong Mono Carvoeiro. Isto foi decidido em reunião com representantes de todos os setores envolvidos.
A Ong já vem trabalhando na identificação de vinte jovens de cada um dos cinco municípios envolvidos. Estes jovens serão capacitados para auxiliarem no processo de implantação das ações.
Por: Francisco de Assis Ferrenha Junior
Diretor do Parque Natural Municipal Morro do Ouro – Apiaí
