A simples e pequena igreja por muito tempo chamada de Capelinha foi construída por Bernardo Rodrigues Dias Martins conhecido como “Tenente Martins” de família muito rica de Apiaí construiu para realizar o desejo de sua filha, ou seja, a fé de Ana Dias Martins: servir a culto religioso e cemitério particular da família. Era costume entre as famílias abastadas erguer capelas para pagar promessas, realizar rezas ou atos religiosos privados.
O costume já generalizado tinha muitas vezes importância política como se fosse obra pública. Em 1901, com a presença do conhecido político Altino Arantes (presidente do estado em 1916), foi batizada “Capela da Piedade” por estar localizada na pequena elevação existente no início da antiga rua da Piedade, atual rua “Tenente Martins”.
Segundo a tradição oral a ocupação da capelinha para atos religiosos foi facilitada por dois bondosos missionários, supostamente carmelitas, Ordem dos Adeptos de Nossa Senhora do Carmo, Padre Carmelo Nalda e Carmelo Cruz. Para a realização de missas e promessas teriam eles autorizado a colocação de sino, altar, bancos e imagens. Com respeito ao sino é fato verídico que fora da capela, do lado esquerdo de quem entra foi construída uma torre de madeira, com suportes em madeira em X, coberta de folhas de zinco, no qual foi colocado um sino que todos achavam de ser belíssimo som, mas que tempos depois desapareceu, foi roubado e jamais encontrado.
Por motivos das afirmações da fé um costume renovou-se e perdurou anos naquela capelinha. Dali saía a procissão de Nossa Senhora das Dores, santa católica representada pela grande imagem azul-claro, para o encontro ao Senhor Morto nas procissões da Sexta-Feira da Paixão. Posteriormente, o padre Pascoal Cassese, não podendo manter a capela conservada, por volta de 1942, retirou a imagem e a levou para igreja matriz de Santo Antônio.
A fervorosa devoção à santa vinha também de longe: Para a capelinha afluíam féis em procissão, transportando a imagem de São Sebastião desde lugares da Serrinha de Itaoca. Os maiores sacrifícios eram enfrentados nos caminhos, a fim de cumprir a tradição de mudar o santo durante a as secas, durante as muitas chuvas ou qualquer outo motivo que sugerisse a realização de uma promessa. (Mudava-se São Sebastião no dia 20 de janeiro ou, de modo especial, o ritual de mudar o santo obedecia rigorosamente às épocas de minguante.
Uma das promessas mais realizadas era a de tirar a medida de São Sebastião para curar tosse comprida. A fita correspondente à cintura do doente era depositada ao pé da imagem.)
A fim de acentuar o valor histórico da capela da família Martins, a qual, por não representar interesse monetário, conseguiu sobreviver ás demolições que outros monumentos tem sofrido e traduz na estrutura simples a pureza da fé a originalidade do desejo familiar e os costumes religiosos de uma época, eís a íntegra publicada pelo grupo literário de Apiaí:
“De 1913 a 1927. Bertoldo Balbino Dias Martins, denodado cidadão de Apiaí, foi serventuário da Justiça e abastado do Fazendeiro. Foi dono do imóvel Vieira, anexo à cidade. Foi casado com a professora Silvia Noêmia Martins, cujo nome está perpetuado na Escola do Bairro Pinheiros. Com seu pai fez erigir a capela particular existente no prolongamento da rua Tenente Martins, onde jazem seus restos mortais, o de sua esposa, de seus pais Bernardo e Sebastiana e suas filhas Ana e Paula.
Essa Capela, a única de natureza privada existente no município, foi declarada Patrimônio Histórico de Apiaí pelo Decreto Legislativo N° 003 de 14/09/1983”.
Fonte: Livro ApiaÍ: do Sertão à Civilização – Oswaldo Mancebo
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